A gestão de riscos da cadeia logística está diretamente ligada à implementação de estratégias e planos para gerir e reduzir as vulnerabilidades, através de análise contínua dos riscos e garantir a rápida e eficaz adaptação de mudanças necessárias, dentro da particularidade de cada operação.
O Encontro de Risk Managers realizado dia 08 de outubro, em parceria com o RMBR e apoio da Starr Insurance, Buonny, Cist, MCLG Advogados e ABGR, evento que reuniu mais de 150 convidados com grandes nomes do mercado, trouxe uma ampla discussão e significativas abordagens em dois importantes painéis – Gestão de Risco Logística e Responsabilidade Civil do Operador Portuário – que apresentou estratégias sobre gestão de risco da cadeia logística e as inovações do universo de riscos, por meio da troca de experiências dos Especialistas e Risk Managers do setor.
O evento trouxe ênfase ao gerenciamento de risco e impacto destas operações em vários cenários, que podem ter significativos efeitos no desempenho operacional com interrupções, riscos acidentais, operacionais e financeiros, que representam atenção mais permanente. Relatamos os principais temas do Encontro de Risk Managers com percepções relevantes.
PAINEL 1 – GESTÃO DE RISCO LOGÍSTICA
Tratando de maneira mais ampla, foi apresentado como principais objetivos da gestão de riscos logísticos, para a segurança das empresas minimizar incertezas, garantindo a segurança e a eficiência da cadeia de suprimentos, estabelecendo o mapeamento de riscos na eficiência da gestão logística.
Principais objetivos da gestão de riscos logísticos
- Identificar, avaliar e priorizar riscos, permitindo a implementação de estratégias de mitigação eficazes e a adoção de tecnologias como IoT e blockchain que estão em alta para melhorar a visibilidade e a eficiência da cadeia.
- Rastreabilidade de carga, monitoramento da imagem, dispositivo anticolisão e tombamento, controle de estoque, detecção e alarme de incêndio, forças da natureza e diretriz meteorológica.
Por outro lado, a gestão de riscos logísticos, incluindo o seguro, como um investimento benéfico para a empresa, poderá trazer, segundo os especialistas, eficiência de riscos que levará a operações mais ágeis, redução de custos e melhor reputação no mercado e isso impacta diretamente no prêmio dos seguros.
Melhores práticas de segurança na logística
Todos os dias há no mundo graves acidentes, desastres naturais, incêndios e uma série de outros episódios que comprometem a margem de lucro das empresas, colocando em risco a sua confiança diante de investidores e parceiros comerciais, o painel trouxe importantes lições sobre as melhores práticas do setor:
- Analisar riscos de instalações e processos, além de riscos operacionais, de responsabilidade civil. procedimentos de manuseio de cargas especiais e gestão de sistemas de proteção contra incêndios.
- Forças da Natureza: Utilizar o Índice Global de Risco Climático (IRC), que é calculado com base na análise de um conjunto de dados disponíveis sobre os impactos de eventos meteorológicos extremos e dados socioeconómicos associados num determinado período.
- Necessidade de readequação da cadeia de produção e consumo: exemplos como Evergiven e bloqueio do canal de Suez, protecionismo de mercado e desdobramentos na logistica, riscos e seguros.
- Inovação: questões de obsolescência de dispositivos de rastreamento com o desligamento das redes de telefonia 2G. Neste mesmo sentido, importante que as seguradoras e até mesmo corretoras estão seguindo essa revolução tecnológica, para desenvolver produtos mais digitais e operacionalmente mais simples.
PAINEL 2 – RESPONSABILIDADE CIVIL DO OPERADOR PORTUÁRIO
A gestão do risco é uma abordagem sistemática e divididas por fases para reconhecer, avaliar, classificar, mitigar e monitorizar potenciais eventos de grandes proporções, que obrigaram os profissionais a explorar as exposições do setor portuário e a avaliar os riscos e suas responsabilidades, que impactam toda a operação.
A Responsabilidade Civil requer principalmente olhar e conhecimento jurídico, devido a legislação vigente e obrigatoriedades de contrato, abaixo, um breve resumo dos principais temas abordados pelos palestrantes do Painel 2 – Responsabilidade Civil do Operador Portuário.
Responsabilidade Civil
- O principais fatores que delimitam a responsabilidade do operador portuário, a luz da legislação - Caso fortuito, força maior, vício de produto e informações (acima da patamar de razoabilidade) prestadas erradamente pelo usuário.
- A identificação e delimitação da responsabilidade do operador portuário podem afetar a cadeia logística do transporte marítimo, por isso a importância de se ter o seguro mais completo, detalhado possível. A cada dia os riscos aumentam, além dos riscos ambientais derivados dos danos materiais. É crucial para determinar a responsabilidade em casos de danos ou avarias durante o transporte marítimo.
- As principais leis e legislações que regem a responsabilidade civil do operador portuário no Brasil - A Lei do Operador (que é especial) e o Código Civil.
- Os contratos marítimos / portuários tratam a responsabilidade civil daquilo que diz respeito às relações entre navio e porto (operador) e seguem o princípio da legalidade (o que não for proibido, é permito); todavia, são irrelevantes aos donos das cargas, usuários dos serviços de transporte e portuários e à sociedade legal. Esses contratos não projetam efeitos aos terceiros. O seguro é uma “ferramenta” de administração de recursos e de tempo fazendo jus a responsabilidade civil, uma vez que, a responsabilidade civil sempre existirá (independentemente de haver seguro ou não).
Exemplos práticos como o seguro de Responsabilidade Civil protege o Operador Portuário
Um grande ponto de atenção discutido é que que nem todas responsabilidades e obrigações do operador portuário são riscos seguráveis, importante ter no radar as responsabilidades que não são seguráveis, exemplo: força maior, furto simples, danos decorrente de fungo ou mofo, multas impostas ao segurado ou despesas com custas judiciais, danos indiretos, ataque cibernético.
O papel dos gestores de riscos nos eventos da natureza
A empresa precisa estar pronta se o risco se materializar, além de todo investimento em prevenção com as tecnologias disponíveis, com um plano de continuidade de negócio que permita uma resposta rápida, e minimize o risco e que permita retomada das operações.
Melhores práticas para mitigar riscos e responsabilidades no setor portuário
Auditorias regulares, treinamento de pessoal e investimento em tecnologia para monitoramento e conformidade. Estabelecer um plano de gerenciamento de riscos eficiente, com envolvimento de todas as áreas e mapeamento de todos os cenários de riscos inerentes a operação portuária, isto inclui, avaliação do PMP – Perda Máxima Possível, DMP – Dano Máximo Provável e PNE – Perda Normal Esperada, especialmente no que se refere ao Seguro Operador Portuário, para estabelecer limites máximos de indenização adequados a cada exposição dos riscos seguráveis.
