Após uma desaceleração progressiva das transações de M&A a partir de 2022, a adaptação a novos desafios e o fortalecimento das estratégias empresariais têm proporcionado uma perspectiva mais otimista, com investidores e empresas encontrando formas de superar as adversidades e seguir com a movimentação de ativos. Mesmo que o cenário ainda exija cautela, as condições para um retorno gradual do crescimento do mercado estão se organizando, especialmente com o foco na inovação e na busca por operações mais estratégicas.
Embora o mercado de M&A apresente sinais de recuperação, ele ainda enfrenta desafios significativos. As tensões geopolíticas e a falta de previsibilidade gerada por conflitos, ameaças de sanções e aumento de tarifas impactam diretamente operações de fusões e aquisições. As incertezas influenciam tanto a liquidez do mercado quanto a confiança dos investidores e suas formas de encarar riscos, tornando-os mais cautelosos em relação a novos investimentos. Isso torna o fechamento de negócios de M&A mais burocrático e demorado.
A instabilidade política e econômica pode também levar a um aumento na taxa de juros pelos bancos centrais, o que tem um efeito imediato na liquidez do mercado, afetando o valuation das empresas e aumentando o custo do crédito para financiamentos de aquisições. Esse cenário torna os fundos de Private Equity mais seletivos em relação a novos investimentos, e faz com que, muitas vezes, eles adiem o desinvestimento de empresas de portfólio, aguardando um valuation e retorno sobre os investimentos melhores. Esse cenário pode desacelerar a rápida retomada do mercado de M&A esperada para o segundo semestre de 2025.
Quando falamos especificamente de América Latina e Brasil, a volatilidade geopolítica atual tem um impacto ainda maior nas transações de M&A. A dependência de capital estrangeiro e a exposição à volatilidade cambial podem ter efeitos positivos e negativos. Ao mesmo tempo em que, nesse cenário, investidores internacionais tendem a priorizar mercados mais previsíveis e conhecidos, a desvalorização de moedas locais torna investimentos na região mais atrativos. Conflitos globais tendem também a tornar investimentos em setores estratégicos, como infraestrutura, energia e commodities, mais visados devido à percepção menor de risco desses setores.
Outro ponto a ser observado é que, com os investidores estrangeiros mais cautelosos, investidores locais e regionais ganham espaço no mercado e podem aproveitar valuations reduzidos para consolidar investimentos estratégicos na região. Um dos resultados é o aumento de transações de middle market e uma retomada mais cautelosa de grandes transações com investidores internacionais.
Nesse contexto de incerteza e maior aversão ao risco, mecanismos de mitigação tornam-se ainda mais relevantes para viabilizar transações. Um exemplo disso é o seguro de Representações e Garantias (R&W), que tem ganhado espaço como uma ferramenta estratégica para reduzir a exposição das partes envolvidas e aumentar a segurança nas negociações. Além de mitigar os riscos de passivos desconhecidos, o seguro também pode agilizar e viabilizar o fechamento de transações de M&A.
Apesar de ser novo na América Latina e ter um histórico de coberturas limitadas e altos prêmios, temos acompanhado uma evolução significativa no mercado de R&W no último ano. Hoje, vemos apólices com termos e custos semelhantes aos encontrados em mercados mais maduros, como Estados Unidos e Europa. Mesmo com a cultura de garantias tradicionais, como Escrow Accounts e holdbacks, o seguro de R&W vem ganhando força e está cada vez mais presente nas transações latino-americanas.
Isso deve-se ao fato de que, além de proteger o comprador contra passivos ocultos, ele limita as obrigações futuras do vendedor, o que permite uma saída limpa da transação. Isso é especialmente relevante quando falamos de fundos de Private Equity que precisam encerrar o fundo após o desinvestimento. É comum hoje em dia que os vendedores já partam do pressuposto de que irão vender suas empresas com um seguro de R&W, sem oferecer ao comprador nenhum tipo de garantia adicional.
O seguro de R&W também facilita a negociação das garantias entre comprador e vendedor e evita litígios futuros entre as partes, agilizando o processo da operação. Além disso, ele auxilia na diminuição do gap entre a sofisticação dos padrões de investidores internacionais e o mercado de M&A ainda em desenvolvimento na América Latina, tornando as transações mais seguras e atraentes para esses investidores.
Em suma, o seguro de R&W tem se mostrado um instrumento fundamental para mitigar os riscos e agilizar o fechamento das transações, especialmente em um cenário de incerteza e volatilidade. Ao garantir maior segurança às partes envolvidas, ele auxilia transações mais estratégicas e atraentes, tanto para investidores locais quanto internacionais, contribuindo assim para a retomada mais rápida e segura das operações de M&A.