Custos Altos e Clima Desfavorável: Desafios de Cafeicultores e Citricultores

Atividades como a cafeicultura e a citri­cultura, que exigem investimentos para formação da lavoura de pelo menos dois anos e também um uso intensivo de mão de obra, variáveis como clima e preço de insumos, em especial o de fertilizantes, têm sido os maiores desafios.

A produção citrícola brasileira está entre o es­tado de São Paulo e o Triângulo Mineiro e a de café arábica, além destas já citadas para a citri­cultura, em áreas do Sul, Cerrado e das Matas de Minas Gerais, no Norte do Paraná, em parte da Bahia e no sul do Espírito Santo, regiões que o clima seco de meados de 2020 até recentemen­te prejudicou com certa intensidade as produ­ções destas lavouras.

A menor produção, por sua vez, traz problemas ao fluxo de caixa destas fazendas. Mesmo com as altas nos preços da laranja e do café neste ano, esse aumento pode não compensar a queda na produtividade, gerando endividamento, isso sem contar o custo de replantio e de reforma dos talhões. Claro, citricultores e cafeicultores de regiões menos impactadas pela seca podem conseguir se aproveitar das maiores cotações e remunerar melhor seus investimentos.

No caso da cafeicultura, as geadas registradas no inverno de 2021 foram um agravante. Impor­tantes áreas que teriam em 2022 uma colheita de safra alta registraram grandes prejuízos, ten­do em vista as condições debilitadas das plantas após as geadas.

Este panorama produtivo complexo se dá em um conturbado cenário econômico mundial, de di­ficuldades logísticas e de fornecimento de ma­térias-primas e de demanda aquecida por com­modities e insumos agrícolas, que, dentre outros fatores, resultaram em elevações intensas nas cotações externas e internas de fertilizantes (o maior desembolso destas culturas com insu­mos).

A condução dessas culturas para a produção tem uma grande dependência de fertilizantes à base de nitrogênio e de potássio. Essas matérias-pri­mas ganharam destaque no mercado internacio­nal recente, já que a oferta de produtos deriva­dos de petróleo, necessários para a produção dos nitrogenados, em especial o gás natural, ficou escassa, devido à menor produção e à aquecida demanda. Além disso, a Rússia, um dos maiores fornecedores de fertilizantes nitrogenados ao Brasil, anunciou no início de novembro que vai restringir as exportações do insumo de dezem­bro de 2021 a maio do próximo ano. Pelo lado dos potássicos, embargos impostos à Bielorrús­sia, um dos principais fornecedores desses fer­tilizantes do mundo, têm limitado ainda mais a oferta mundial e, consequentemente, impulsio­nado as cotações.

Agora, produtores estão preocupados com as in­certezas para os próximos meses. Mesmo com a volta das chuvas a região Centro-Sul do Brasil, as lavouras de ambas as culturas estão ainda em recuperação e, em muitos casos, as fazendas es­tão com o fluxo de caixa já fragilizado, devido à menor produção. Além disso, agentes temem a falta de alguns importantes insumos.