Muito tem se falado sobre transição Energética nos últimos anos, e para além obviamente da preocupação com o meio ambiente, fortemente impactado pela histórica emissão de gases de efeito estufa, está o impacto financeiro que este legado tem causado nos últimos anos em grande maioria dos países do globo, sem exceção de localização ou PIB.
Os eventos de clima têm se manifestado de forma cada vez mais incisiva, e as catástrofes naturais são os principais pontos de discussão na maioria das corporações, se antes a sigla ESG era sinônimo de empresas socialmente engajadas, hoje é uma questão de sobrevivência em um mundo de consumidores cada vez mais conscientes, onde a pegada de carbono começará a impactar o bolso dos mais poluidores.
A Guerra Rússia - Ucrânia foi o primeiro alerta global de que a dependência de combustíveis fósseis precisava diminuir, tendo ocorrido no início do inverno Europeu, a forte dependência do gás deste país fez com que consumidores sofressem no bolso por não terem alternativa a esta fonte. Ainda que estes países tenham iniciado seus movimentos de transição muito antes de nós, os territórios não são tão extensos, os recursos naturais competem entre a necessidade de produzir para comer e de gerar energia.
O Brasil com uma costa extensa e muita riqueza hídrica, tem números impressionantes, comparado a outros grandes países do globo. Sempre foi visto como a grande Meca dos projetos de Energia Renovável. Mas será que tudo são flores? Quais os desafios de investir em Geração, Transmissão e Distribuição no Brasil?
No meu trabalho final do MBA, realizado em 2018/2019 cujo tema era "Desafios de Investir em Energia no Brasil", entrevistei e recebi questionários de empresas de geração para entender o que preocupava o investidor, na época, as preocupações eram estruturais, inicialmente a Governança com uma grande preocupação quanto a atuação política das autarquias regulatórias e meio ambiente, depois vinha a Infraestrutura que consistia no desafio de implementar projetos em um país continental com acessos precários e portos sucateados, questões de financiamento e recursos técnicos e mão de obra não estavam a frente destas preocupações, o que demonstrava que havia capacidade de realizar. Cinco anos depois, chegamos na semana passada ao marco de 1000 parques eólicos construídos no Brasil, isto demostra que mesmo na adversidade seguimos adiante. Nosso protagonismo na região é evidente, mas será que os Riscos mudaram? Os desafios ainda são os mesmos? E quanto ao seguro, o que mudou nas últimas décadas?
Em quase 25 anos no mercado segurador, vi muitas ondas; das grandes hidrelétricas, das PCH´s, dos projetos eólicos, da geração distribuída e depois dos grandes projetos fotovoltaicos e as que se avizinham, do hidrogênio verde e geração offshore; as fontes mudam e nossa capacidade de resiliência também se ajusta, mas diferente de todas estas ondas, hoje temos um mundo bem diferente e os desafios e riscos emergentes também mudaram.
Em nossa observação diária como Grandes Brokers desta Industria, citamos abaixo alguns destes riscos e os desafios para os investidores:
Financiamento: Se há uma década a principal fonte de recursos era provinda dos Grandes Bancos Internacionais e do BNDS, hoje outras estruturas como Grandes Fundos e Empresas Multinacionais de Geração de Energia têm financiado o crescimento do plantel brasileiro. Mas, se atualmente no Brasil a questão de ESG e Transição Energética estão em pauta; nos países Europeus e Asiáticos estão sendo discutidas a muito mais tempo. Junto com os recursos socioambientais, são requisitos exigidos para estes projetos por seus investidores. Também no seguro há este movimento, os grandes grupos de seguradores e resseguradores têm evitado ao máximo projetos controversos ou que possam ser associados a uma geração não tão sustentável.
No que se refere a garantia dos projetos, isso também ocorre, quem investiu quer cada vez mais garantias de que os riscos sejam mapeados e transferidos, soluções de clausulado cada vez mais ajustados a forma como a energia foi comercializada são diários, e cada projeto tem uma necessidade específica. Por isso é imprescindível entender a indústria, o mercado de energia e os impactos que os sinistros terão no Fluxo do Projeto.
Cadeia de Fornecimento: A COVID escancarou a dependência dos produtos asiáticos no fornecimento de grandes equipamentos e principalmente a necessidade de termos uma indústria de beneficiamento e produção locais, mas também mostrou quão grande pode ser o impacto de um atraso na Industria de seguro, principalmente quando o seguro de danos materiais está associado a uma perda de receita, prazos de recomposição tiveram mudanças significativas, aumentando em muito o valor a ser pago pela não geração. O aumento dos insumos também teve seu peso no agravo direto dos custos, mas certamente, o acelerado desenvolvimento das tecnologias foi o ponto de maior preocupação do mercado. Num mundo Fast, onde o maior, mais rápido e melhor performance tem a maior demanda, não há tempo para desenvolvimento, ele ocorre junto com o lançamento de cada novo produto, em cada melhoria de plataforma. Em uma década vimos aero geradores irem de 1,2MW para quase 8MW e subindo; muitos foram os avanços, mas também houve percalços, isso também ocorreu no desenvolvimento de novos painéis solares e ocorrerá nas novas tecnologias, cabe ao mercado se ajustar e prover soluções sustentáveis.
Logística: A algumas décadas quando iniciei minha jornada no mercado de Grandes Riscos alguém me disse: trabalhar com grandes riscos é correr com tesouras nas mãos todos os dias, e essa máxima é verdadeira, se transportar um Transformador de 400Kva ou uma pá eólica já seria desafiador uma estrada bem pavimentada e sinalizada, fazê-lo nos extremos deste país é uma arte. Montar grandes torres de geração, abrir frentes, armazenar cabos e materiais de alto valor agregado mais ainda. Grandes projetos com milhares de painéis solares, entender e planejar isto para que tudo chegue em um país com nossos portos e nossas estradas é sem dúvida desafiador. Buscar soluções de seguros vai além de cotação, temos que entender os cenários, tempos de reposição, perdas máximas e trabalhar em parceria com a Gestão de Riscos da Seguradora para garantir que os equipamentos críticos estarão corretamente amparados.
Eventos Climáticos: Minimizar os impactos é a razão desta indústria, não há como negar que eles existem e que de alguma forma também nos afetam. Entender os modelos, aprender com as catástrofes e os piores cenários e buscar soluções nos projetos para enfrentá-los é a única solução, não é mais possível contar apenas com a sorte e esperar que não ocorram. Somos os únicos a entregar Cenários de Perdas de Eventos de Clima aos clientes e grandes projetos como parte de nossos serviços. Discutimos os parâmetros de projetos e propomos soluções.
Muitos são os riscos, não citamos todos aqui, mas também estão na nossa pauta diária: os riscos de impacto das comunidades, de movimentos sociais, de capacitação da mão de obra, de cyber ataque, regulatórios, danos ambientais dentre outros. E o mercado segurador? Sim, ele está atento a tudo isso e está cada vez mais seletivo e restritivo, por isso, se a Industria se mobilizou para um aperfeiçoamento, no nosso mercado não foi diferente.
A Lockton tem em seu DNA, a Industria da Construção e a alguns anos entendeu que a especialização da Industria seria o único caminho para se ajustar as demandas emergentes. Assim como já ocorre globalmente, há no Brasil uma Specialty dedicada exclusivamente a Infraestrutura e Power, a liderança Latam de Power é brasileira, dada a relevância do país no cenário regional e global. Como dissemos acima, temos um hub que analisa Cenários de Perdas de Eventos de Clima aos clientes e grandes projetos como parte de nosso serviço. Nossa Specialty tem ramificações internas que permeiam a colocação de seguro, resseguro e sinistros e gestão de riscos. Especialistas em todas as linhas de seguros Engenharia, Property, Responsabilidade Civil, Garantias, Linhas Financeiras, Transporte com DSU e Cyber que entendem a indústria e buscam a melhor solução para a demanda.
Resiliência e persistência em uma indústria que nos exige inovação diariamente, nosso time acompanha e visita todos os riscos, onde estiverem, e este contato nos permite entender os desafios para buscar as soluções. Com isso conseguimos estruturar a documentação, levar a informação de relevância ao mercado, ajudar o cliente com o melhor desenho, o clausulado mais aderente em todas as linhas. Não é possível entender o que não se conhece, e explicar o que nunca se viu, nas visitas que identificamos riscos que a documentação não mostrou, e na conversa com o time em campo entendemos a dimensão da demanda, isso tem garantido nosso crescimento e entrega para nossos clientes.
Converse conosco e leve a excelência do nosso trabalho para sua empresa.